terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Ser diferente...


Era uma vez Eu

“O problema não é o problema.
O problema é a vossa atitude perante
o problema”
Treinador Brevin


Estava sentado no muro, aquela única barreira entre mim e a praia.
De repente alguém me deve ter chamado, mas, como sempre, não ouvi.
Pela frente desse alguém, de súbito, uma onda gigante rodopiava sobre aquele mar imenso.
Foi pena não ter ouvido "o alguém", assim fui a rodopiar com ela e deixei tudo para trás.
Por momentos, pensei ouvir a voz da minha mãe, mas era impossível e, no meio daquela confusão do rodopio, não ouvia nada que me despertasse a atenção.
Como não ouvia nada, pensava em tudo, na Olívia (mãe), no Joaquim (pai), na Gabriela (namorada), no Diogo (melhor amigo),na minha bola de futebol, na guitarra com as dedicatórias, no casaco de cabedal que tinha comprado na feira com a Gabi.
Em segundos paro, não sei bem onde pois não conheço o sitio.
Era uma enorme cidade que eu desconhecia por completo, era complicado para mim, a agitação e o pior de tudo as pessoas que ao conhecerem gente como eu se afastavam.
Levantei-me, olhei a minha volta eram todos tão transparentes com a minha presença ali. Ninguém se tinha dignado a querer saber quem sou, ou simplesmente o que fazia naquele mundinho, onde todas as vozes pareciam não existir, ou era eu que não as captava?, talvez o meu rádio auditivo estivesse parado na estação errada!
Talvez as pessoas devessem pensar assim:
Se fossem diferentes como se sentiriam, como seriam os outros para elas, se elas próprias não falassem não andassem, não vissem, ou simplesmente como eu não ouvissem cada palavra que pronunciassem.
“-Tiago “– disse a mãe gesticulando.
Calmamente, levantei-me, lavei-me e assim me preparei para mais um dia onde tudo ia ser igual ao meu pesadelo.
Sem som, desde sempre e para sempre...


Joana Figueiredo

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